Primeiramente, é essencial compreender a sutil distinção entre admiração e desejo. De onde surge o
que chamamos de desejo? A palavra "desejo" origina-se do latim *desiderium*, derivado de *desiderare*, que significa "esperar por, desejar, ter expectativa, exigir". É irônico que o ser humano suporte mais facilmente ideais carnais, quase irracionais, do que os árduos fragmentos de honrar o que lhe foi concedido com tanto apreço, talvez pelo simples fato de que é mais comum, fácil e menos "doloroso" decepcionar-se desta forma.Antes de estabelecermos um compromisso sério, como o casamento ou o namoro, também experimentamos momentos de atração por outras pessoas. O que nos leva a manter um relacionamento sério é o convívio com o parceiro. Portanto, reflita: mesmo você sendo o cônjuge ideal, até que ponto esse desejo pelo outro persistiria se houvesse um contato contínuo entre ambos? Bem preocupante, hm?
"Eu desejei a pessoa da academia, mas nada acontecerá porque tenho um marido exemplar e o amo muito."
Onde reside o mérito em uma escolha como essa? Isso parece ser uma tentativa de ocultar a própria culpa que surge após um pensamento inadequado – uma reação comum a muitos seres humanos. Na minha perspectiva, submeter o parceiro a tal situação beira a humilhação, pois, mesmo que por um breve período, desvaloriza-se a personalidade e o corpo de quem compartilha a vida com você, enquanto se deseja alguém que mal se conhece ou, pior, alguém com quem já se tem um convívio.
Respondendo à sua pergunta: Não, eu jamais prosseguiria em um relacionamento assim, visto que, para mim, a questão é muito mais profunda do que meros momentos de desejo.