Sim, eu já faço isso faz 13 anos e meio. 12 anos de casamento. Não
confundir TEA1 com Asperger, que inclusive tinha que mudar de nome, esse cara foi um nazistão escroto.Bem... Por onde começar, nem sei como justificar. Eu te diria que grande parte das discussões que eu tenho com minha esposa é pelo fato de eu superestimar a capacidade da oralidade dela, as vezes a conversa vai para algum lugar absurdo e eu me pergunto irritado porque o óbvio não foi interpretado.
Ela sempre tem bons argumentos, já que ela é uma eximia escritora, eu não tenho nem a metade da habilidade comparado a ela. Então ao longo dos anos eu tive que me adequar a linguagem correta, na regra, nas normas, para a comunicação ficar mais precisa e fluida. Então, esse é o primeiro dos pontos de vantagens e desvantagens, a oralidade as vezes é difícil e como escritora é extraordinária.
Tem um ponto que é um grande diferencial, as dificuldades interpessoais que é o traço essencial que classifica o TEA, fez com que ela se tornasse uma mulher extremamente racional, eu diria que é a combinação perfeita para uma mulher, não são emoções e impulsividades que guiam as ações e atitudes, mas uma lógica. Não que ela seja fria, pelo contrário é uma pessoa extremamente afetuosa e carinhosa comigo.
Tem algo de extraordinário e que as vezes é chato, mas entender e compreende-la torna a coisa mais fácil de lidar. Normalmente TEA vem acompanhado com traços característicos de TOC, ela consegue sentar a bunda na cadeira e estudar e trabalhar sobre um assunto dias seguidos, tipo acordar 8 da manhã e ir até às 4 horas da madrugada, dias seguidos sem pausas e só querer falar sobre aquilo. No meu caso, temos nichos de interesse bem alinhados, então eu me aproveito muito disso, porque ela me ensina muita coisa. Esse rigor pelo saber e profundo interesse torna-a uma pessoa extraordinária e diferenciada das demais. Sobre o ficar presa no mesmo tópico, eu deixo-a falar, é muito mais uma necessidade de falar que ser ouvida.