Não há exatamente algo estranho nisso; é uma questão banhada em tolice. Podemos observar o

mesmo comportamento, com algumas nuances, na convivência masculina. O que muda é quem inicia esse comportamento em massa. Em termos que aprecio: muda o gaiteiro, mas a música continua a mesma. Acreditar que a própria espécie é assim por natureza apenas reforça a ideia de que as mulheres são loucas e irracionais, quando, na verdade, é o sistema – patriarcado e capitalismo – que cria a necessidade dessas reações, tanto no feminino quanto no masculino.

O patriarcado promove a rivalidade entre as mulheres, fazendo com que sintam que precisam competir por aceitação social e validação. Isso é algo que observamos frequentemente nas redes sociais e até aqui, seja por meio de fotos específicas ou comportamentos grosseiros, muitas vezes gratuitos, entre elas – especialmente em busca da atenção masculina. Também não podemos ignorar que há quem goste de se sentir manequim e produto físico, usufruindo de tal, mesmo ciente disso – onlyfans, 'sugar daddy', pornografia, exibicionismo, relacionamentos com base de corpos bonitos etc.

Já o capitalismo alimenta essa competição, estabelecendo padrões de beleza e sucesso que incentivam não somente a comparação constante entre nós.
Uma frase que criei e que aprecio bastante é: "Tudo o que você é fisicamente incapaz de ter ganha valor, e, em algum momento, você acaba trazendo isso para sua vida, saciando um desejo cuja origem você nem sempre entende, mas que faz de você um consumidor exemplar."