Porque quanto mais tempo você vive, menor e mais rápido o tempo percebido é.

Se você

perguntar a uma criança de 6-7 anos para ele explicar uma memória muito antiga dele, ele vai falar sobre semana passada.

Pergunte para um velho de 80 anos ele vai falar de quando ele tinha 10 anos.

Para criança, um espaço de pouco tempo, é muito tempo porque viveu pouco ainda..

Mas a percepção do tempo é relativa. Quando você faz algo que gosta muito e tem prazer o tempo passa rápido. Eu por exemplo, gostava muito de jogar, sentar em um computador e ficar 12 horas seguidas era algo fácil, quando eu via já era noite. Parei justamente porque isso me prejudicava na vida adulta.

Tem outro lado, quando a gente não cria experiências significativas e normalmente isso tem relação com conexões humanas, a experiência não se transforma em memória. Os dias passam em um mecanicismo e nada significa muita coisa. O cérebro é uma máquina de esquecimento, não de lembranças.

Tem uma outra questão também.. o caso que eu citei sobre os jogos na minha experiência, que são estímulos basicamente visuais enquanto você imerge ali esquece do mundo a sua volta. Existem estímulos da experiência que são multi sensoriais que fazem a vivência ser mais significativa e gerar uma memoria potente.

Por exemplo, talvez você lembre não só das imagens dessa época de infância, mas os sons, os cheiros o tato. Experienciar os sentidos em potência gera memórias mais potentes, para perceber seus sentidos é necessário concentração ao presente, colocar o seu eu no seu centro e perceber o que acontece a sua volta.

Esse assunto é muito interessante porque é um tema que eu estudo no meu campo de atuação. Memória, experiência e o sentir tem uma relação estreita com o ensino e a aprendizagem, principalmente no campo artístico.

São temos líquidos, de uma ditadura retiniana e de um corpo liso e achatado pelas imagens. O corpo é mínimo e é nosso único modo de ser no mundo.