Eu acho que nasci sem nenhuma. O propósito devo ter, mas só quem me criou sabe.

anônimo

anônimo
25/11/2024 09h15
A única vocação é a ditada pela potência e pela limitação. O homem pode fazer
tudo que é viavelmente permitido pela sua operação fisiológica comum, fisionomia, funções baixas/vegetativas, sua disposição temperamental de base e seus meios incrementais externos. A questão é que atormenta o homem justamente essa abrangência de ação. É endêmico da vida moderna; o modo feudal ou mesmo o esboço da vida pós-industrial tinham um senso de papel social muito bem determinado, função que a pessoa desempenharia pelo resto da vida. A flexibilização das formas, modalidades de trabalho, e o ideal iluminista que prevê a emancipação do homem do jugo das instituições, implicaram no dilema irrevogável: agora sou "maior de idade", segundo a perspectiva kantiana; tenho à frente tudo que posso ser, e todo caminho posso tomar. E aí vem essa história de querer encontrar sentido. As pessoas não procuram sentido, procuram um itinerário. Um expediente de vida que dite quem se é, e o que se deve fazer.Quem tá ralando no dia a dia pra conseguir o pão está pouco se lascando pra vocação, quer pôr a comida na mesa. A sua vocação é a sobrevivência. A vida lhe impôs seu papel, ele não precisou pensar nem matutar um suposto "chamado" pra fazer algo que só ele pode fazer.
Não pense muito nisso. Faça o que precisa fazer com chamado ou sem. E no fundo você sabe no que você é bom e o que você gosta. Só se perde no mar de opções. Existem casos excepcionais, homens de fé que vieram com uma missão específica, e eu diria que todo mundo tem uma vocação em si mas que não pode ser descoberta porque os ditames da vida estão na dependência dO Criador, que determina os percursos. Negar a Ele é também negar sua missão. Mas não vou contemplar muito disso aqui.