Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes

anônima
Eterna Mágoa
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem
que é tristePara todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!
- Augusto dos Anjos
A MINHA MÃE
PORQUE os anjos (bem sei) na celestial altura,
quando falam de amor entre si, meigamente,
não podem encontrar uma expressão mais pura
que a de mãe, nem mais linda, ungida e comovente,
eu, de há muito, te dou êsse nome perfeito,
pois tu és, para mim, mais do que mãe, por certo,
desde que a morte veio instalar-te em meu peito,
ao tornar, de Virgínia, o espírito liberto.
A minha própria mãe, morta no albor da vida,
foi minha mãe, tão-só; mas tu és mãe daquela
que tanto amei; por isso, és muito mais querida,
infinitamente és mais querida do que ela,
assim como minha alma achava mais preciosa
que a própria salvação – minha adorada espôsa.
- Edgar A. Poe (Tradução: Oscar Mendes e Milton Amado)