Nosso relato começa na Aurora dos tempos, nessas heras sombrias começou a exploração da mulher,

eram tempos duros, vivendo em tocas as comunidades humanas eram constantemente assoladas pelos ataques das feras, os machos aproveitando-se de sua prerrogativa de classe dominante, logo trataram de assegurar para si os lugares mais confortáveis e seguros da ordem social, ficavam no interior das cavernas os safados fazendo comida para os bebês e penteando os cabelos enquanto as pobres fêmeas armadas somente de porretes saíam para enfrentar leões, ursos, tigres e mamutes. Quando a economia de coleta foi substituída pela agricultura e pela pecuária, novamente os homens deram uma de espertinhos, atribuindo a mulheres as tarefas mais pesadas como a de carregar as pedras, domar os cavalos e abrir sulcos na terra com arado, enquanto eles os folgadinhos, ficavam em casa pintando potes e brincando de tecelagem. E as grandes navegações então, em demanda de ouro e diamantes para agradar os ociosos machos, bravas navegantes atravessavam os sete mares e davam combate a ferozes indígenas, que quando as comiam era porca miséria no sentido estritamente gastronômico da palavra. Quando o Estado Moderno instituiu o recrutamento militar obrigatório, foi de mulheres que se formaram os exércitos estatais com pena de guilhotina para as fujonas, tudo para que os homens pudessem ficar em casa lendo os seus romances, há milênios as mulheres morrem nos campos de batalha, carregam pedras, lutam com as feras, atravessam mares e florestas, sacrificando tudo por nós, os ociosos machos aos quais não sobra nenhum desafio mais perigoso a não ser o de sujar nossas mãozinhas nas fraldas dos nossos bebês. Em troca do sacrifício de suas vidas nossas heroicas defensoras não tem exigido de nós, se não o direito de falar grosso em casa, de furar umas toalhas de mesa com ponta de cigarro e eventualmente de largar um par de meias no meio da sala para a gente catar. Opressão a mulher, é o meu caralho!