O Fernando era lindo, mas não era lindo somente porquê eu o olhava com amor,

o mérito de sua beleza advém – dentre tantas coisas – das suas relações tão humanas e do seu olhar tão atento ao próximo, sobretudo a mim e a sua família.

Ele tinha os cabelos pretos e levemente cacheados, a pele branquinha e, que no rosto ganhava uma outra textura por ainda ter resquícios de acne; seus olhos eram escuros, o que contrastava com o seu olhar tão claro e tão doce, principalmente quando me fitava a conversar sem parar. Magro, mas forte; alto – grande, gigante, augusto;

Ele tinha um tom de voz calmo e que também fazia eu me acalmar. Era de praxe eu descarregar todos os acontecimentos do meu dia em um áudio de cinco minutos e ele me responder com outro de trinta segundos, em meio a sorrisos e serenidade, pedindo para eu me acalmar, mas, ao mesmo tempo, dizendo que adorava me ver eufórica.

O Fernando foi o meu primeiro amor – ou talvez o mais perto que eu tenha chegado disso –, eu aprendi muitas coisas com ele. Talvez seja essa função do nosso primeiro amor: nos preparar para o grande – o nosso grande amor.

Fernando e eu nunca tivemos o primeiro beijo, nem o primeiro grande encontro, mas tivemos, por quase dois anos, um ao outro, para contar e se apoiar. E foi bom enquanto durou… Menos na parte em que ele me fez sofrer.