17/08/2025 18h09

Antes de ser pai eu era um garoto.
Saia, fazia o que bem entendia, aceitava o

que e onde a vida me levava sem pensar nas consequências. Meu dinheiro não tinha a finalidade de sobrevivência, mas sim diversão.

Frequentava lugares insalubres consumia substâncias duvidosas, tudo em nome de uma suposta diversão.

Eis que conheci uma mulher bacana, por ela tive sentimentos e uma vontade de dividir minha vida.

Após algum tempo, pude segurar nos braços um recém nascido, fruto dessa divisão já a amava, ver ali esse amor materializado em outro corpo foi mágico, algo em mim mudou naquele dia, aquela criatura tão frágil e pequena, saber que basta uma inação sua e aquela vida vai embora transforma a nossa própria vida.

Eu bebia muito, fumava como uma caipora, era inconsequente em meus empregos e não bastava muito para eu explodir com quem minimamente me tirasse do sério, quando se tem uma vida dependente de ti, automaticamente a gente pensa primeiro nela. Na gestação nasce um amor difícil de explicar pra quem ainda não o viveu, um amor que não depende de reciprocidade, tu só quer ver ele bem e ponto final.

A gente vê nos filmes as pessoas se jogando em direção a projéteis para salvar a vida de alguém, com um filho é exatamente igual.
Tu não quer um arranhão praquela pessoinha, tu não quer que ela escute um A do mundo, dá uma vontade enorme de manter alguém 100% do tempo no maior conforto possível.

A medida que eles crescem você se pegará pensando, poxa, eu era/sou assim também, também penso desse jeito, eu fazia meus pais se irritarem pelos mesmos motivos que estou irritado agora. Isso ensina valiosas lições sobre paciência, sobre tolerância e faz a gente gostar ainda mais de nós mesmos.

Por ele eu larguei as drogas, cigarros, reduzi muito o consumo de alcool e maconha, por ele larguei a gandaia e mulheres inúteis, por ele eu aprendi a me preservar, por ele aprendi a economizar.

Sem meus filhos, provavelmente eu não estaria aqui.

É um amor que não cabe no peito.