Como escritora e estudiosa da psique feminina, percebo algo que representa uma ruptura profunda do
intelecto e do caráter da sociedade contemporânea. É nítido o declínio moral, estético e cognitivo da parcela feminina, que parece abandonar sua integridade e discernimento em troca de uma transexualidade mental, um híbrido, um Bodião da Cabeça Grande, cada vez mais imerso nos vícios da masculinidade e distante de suas virtudes e de sua luta como mulher.Ao tomar conhecimento do caso, percebi que não se tratava apenas de uma história “quente” de traição; mas de uma demonstração de quanto as pessoas perderam a capacidade de pensar e interpretar a realidade, deixando-se conduzir pelo pai do pão e circo: o poder jornalístico.
Um número simbólico de mulheres encarou a traição com naturalidade, assim como os homens, justificando que a mulher era atraente demais para ser criticada ou que sua exposição foi “humilhante”, chegando a comentar que estava “bonitinha, encolhida como uma criança debaixo da pia”. Os jornais reforçaram essa percepção, escolhendo fotos insinuantes que expunham seu corpo e transformavam o escândalo em voyeurismo masculino. Nas manchetes, lia-se: “NOIVA é encontrada de BABY DOLL em banheiro de padre”, nunca “Mulher é flagrada com padre”. A palavra “noiva” carregava romanticismo, inocência e fragilidade, gerando empatia e minimizando a gravidade do ato, enquanto BABY DOLL despertava curiosidade e interesse sexual nos homens que consomem pornografia.
Porém, quando um homem trai a mulher, tudo muda. Reações, manchetes e comentários se tornam ódio e condenação, enquanto o oposto se transforma facilmente em espetáculo.
Portanto, o que penso? É preocupante o ritmo que as coisas têm tomado para o movimento feminista, e matérias inúteis como essa nem deveriam sair nos jornais, pois a traição ocorre até mesmo dentro das próprias casas dos telespectadores.