14/12/2025 21h42

Claro que sim, mas não acho que ler torne uma pessoa superior à outra nem

mais inteligente.

O Brasil, por exemplo, está recheado de verbalistas (pessoas que reagem emocionalmente à simples menção de certas palavras, em vez de analisarem o que de fato foi dito) e analfabetos funcionais (pessoas que, embora leiam, são incapazes de reproduzir a imagem, o significado, o conteúdo do que foi lido com fidelidade). Muitos deles se formam em universidades, publicam artigos, revestem-se de uma carapaça verbal rebuscada que dá aparência de letramento, mas que na realidade simplesmente impede a reversão desses vícios.

Pior do que isso, na educação superior, a estupidez linguística alcança tal ponto que o sujeito, mesmo tendo lido muito mais do que aqueles fora da universidade, não compreende nada e julga tudo, como a última esperança possível para "um povo ignorante, que não teve oportunidade de cursar uma graduação". São eles — os universitários e egressos — os que têm mais dificuldade de perceber isso. Para eles, não há verdade, mentira, fato, ficção, lógica e irracionalidade. Há apenas "posições políticas": a deles e a dos outros. Aliás, há apenas a deles, que não se insere em nenhuma tradição de pensamento, mas está "para além delas", como algo transcendente, a que travestem como "científica". A dos outros, impossível de ser estudada e representada seriamente, é-lhes inacessível.