Minha opinião sobre isso é que a universidade realmente nos muda. Ela possibilita conhecer alguns

aspectos normalmente ignorados da realidade. Mas essa mudança não é necessariamente para melhor, nem torna ninguém de fato inteligente, muito menos educado. Educação é algo que invariavelmente vem de casa, e vai sendo lapidada ao longo da vida pelo contato com outros modelos de humanidade.

A universidade pode ser parte disso, mas não necessariamente é; e um dos principais indicadores de que não vai ser ou de que não está sendo parte desse processo educativo é o aluno por a graduação em oposição ou em posição hierarquicamente superior às vivências e experiências que estão fora da universidade.

Movido pela admiração que tem por um ou mais professores, por falarem sobre aquilo que o aluno não conhece e por adornarem suas falas com uma linguagem rebuscada, o aluno o percebe como alguém automaticamente superior, e acidentalmente defenestra o próprio senso critico. Afinal, se eles demonstram tamanho saber, se foram validados por diversas bancas de várias instituições, quem é o aluno para duvidar ou criticar em vez de apoiar e reproduzir o que é dito para também integrar o círculo afetivo dos professores e tornar-se igualmente uma pessoa "culta"?

Mas cultura não é conhecer o currículo literário ensinado na academia, nem é analisar e julgar o mundo por meio dos textos publicados por outros professores e teóricos, de dentro das fortalezas que são as universidades. É, antes de tudo, conhecer as realidades pelo contato com o mundo real, que compreende tudo o que está à margem da universidade, inclusive as realidades que a senhorita trata como inferiores. Se professores têm alguma cultura, é porque antes de tudo não se afastaram nem rejeitaram o mundo.