Eu cresci em uma rua cheia de crianças, praticávamos muito esporte, ali se colocava em
prática tudo que se aprendia no colégio, era quebrada então cada um tinha algo pra contribuir, eu era dona da bola de volei presente de uma tia, a casa vizinha tinha a corda pra simular a rede, a outra a bola de basquete e assim sucessivamente, tínhamos um professor muito querido, grande Camilo, as vezes emprestava o material como foi o caso do beisebol, só que esse não dava pra ser praticado na rua, corríamos o risco de quebrar alguma janela como já havia acontecido no handebol, então partimos para um terreno duas ruas acima de onde morávamos, era largo e as vezes usado pra jogar futebol nos finais de semana pelos aposentados daquela rua, seria perfeito se não beirasse uma estrada, o número de carros e caminhões que paravam pra ver as meninas que completavam o time era enorme, fomos muito assediadas a ponto de ouvirmos de um pai de uma colega de sala"vai gostosa, segura no taco direito", deu nojo e medo, até que os garotos entenderam que uma hora mais cedo ou mais tarde teriam que entrar em uma briga pra defender alguma de nós, moral da história, fomos banidas, sem beisebol pra nós, ali como meninas adolescentes começamos a entender que podíamos tudo, mas que nem tudo nos convinha.