
anônima
28/03/2016 23h46
Não tenho favorito, adoro muitos.
Vai um que me exterioriza, do corriqueiro Bukowski.
Loucura?
olha, ele disse,
admita.o quê? perguntei.
quando você vê aquela gorda
no supermercado que está
escolhendo laranjas,
não se sente a fim de ir lá e
espremer aquelas ancas feias
bem forte
apenas para ouvi-la gritar?
do que diabos você está falando,
cara? perguntei.
e quando o garçom te traz teu jantar,
não pensa, por um instante,
que poderia matá-lo?
não antes do jantar, respondi.
o que estou querendo dizer com isso,
ele continuou,
é que há uma linha muito tênue
entre o que chamamos sanidade e
o que chamamos loucura
e que o esforço que fazemos para
permanecer no lado são
só é feito para que não sejamos
punidos pela
sociedade,
senão, iríamos
frequentemente cruzar essa linha e
as coisas seriam muito mais
interessantes.
eu não sei do que diabos
você está falando, cara,
eu disse a ele.
ele apenas suspirou, me olhou
e disse, deixa pra lá, amigo.