Eu tinha 13 anos, ele tinha 14. Foi o primeiro por quem me apaixonei. Eu

pensava nele o tempo todo e levou anos até que meu sentimento por ele se dissolvese completamente. Lembro que eu nem tinha vontade de ter Orkut, mas acabei fazendo uma conta só pra olhar o perfil dele — todos os dias eu estava lá.

Não houve nenhum motivo especial pra eu gostar dele. Gostei apenas pela aparência e pelo seu jeito descolado. Adolescente é fútil assim mesmo.

Ele falava um pouco comigo, às vezes. Mas era sempre pra conseguir alguma coisa. Mas eu ficava super feliz, pois o importante era ter a oportunidade de falar com ele. E eu estava em todo o lugar que ele também estava: se ele estivesse no refeitório, eu estaria lá; se ele estivesse no pátio, eu estaria lá; se eu largasse cedo, só ia embora quando ele fosse. Tudo isso de longe, só o observando, vivendo aquele sentimento calada.

Uma vez, combinando comigo o preço de um jogo que ele iria me vender, um colega de sala, brincando, insinuou que nós éramos um casal. Instantaneamente o garoto que eu gostava fez uma expressão de extrema indignação, deu um pulo pra trás, começou a se abanar com a gola da camisa, ficou balançando a cabeça com sinal negativo e disse: "Oxe! Oxe... Sai pra lá."

Ou seja, nunca foi preciso me declarar a ele, antes de qualquer coisa ele já havia demonstrado o asco que eu lhe provocava.

Depois daquele episódio, eu o vi conversando com outras garotas, sendo legal e gentil com elas, e eu pensava: "Aquela menina ali é uma pessoa melhor que eu."

Eu fiquei bem triste. Eu já era uma menina desanimada, com traumas, baixa autoestima... E aquilo me rebaixou demais. Mesmo assim, demorei pra esquecer o indivíduo.