A comunicação e veiculação de informação no geral seriam seriamente emparelhadas, mas alguns pontos da

vida melhorariam. Mais produtividade, mais contato um a um. Alguns serviços extintos voltariam à ativa, como locadoras. A expectativa na escolha de um filme era mais mágica, as coisas eram menos descartáveis. A questão de ter tudo nas mãos a hora que quiser dispersa o foco, faz a gente se ocupar com mais coisas do que deveria. E se ocupar com tudo no fim é não se ocupar com nada.
Creio que o impacto social seria enorme. O narcisismo de rede social indo abaixo deixaria de dar holofotes a gente que só quer chamar atenção a todo custo. Embora gente idiota ganhando destaque não deixaria de ter, já que isso é um sintoma endêmico. A pornografia seria de difícil acesso, coisa mais escassa. Os sistemas de recompensa seriam restaurados: homens fracos e pouco viris conquistando uma nova possibilidade de recomeçar, isso se as instâncias culturais pós-modernas já não tivessem deixado suas raízes pervasivas entranhadas no solo das massas. Isso já leva a outro ponto: o Brasil já é atrasado nos campos das ideias, então algumas discussões políticas idiotas e improdutivas teriam um delay a mais até chegar aqui.
Deixaríamos de julgar o amiguinho pelo que escreveu, pelo que deixou de escrever, ou como enfeita o perfilzinho. É incrível como a forma que alguém se apresenta na internet pode murchar ou inchar a forma que ela tem na vida real. Isso é inócuo a maior parte do tempo, mas é idiota.
Outra coisa, que eu ainda acredito ser o mais importante, é que a universalidade de gostos, de ideias compartilhadas, de valores, dissipa o sentimento de comunidade que antes se tinha. As pessoas tinham uma procura ativa por gente que tinha um jeito de viver parecido, e sentia que fazia parte de alguma coisa a partir daí. A comunidade é algo que sobrevive por aparelhos. Não é mais algo que delineia a identidade e fortalece laços, mas funciona mais como fachada.