Esses movimentos já foram orgânicos. Surgiram espontaneamente, criados por pessoas altruístas e corajosas, e baseados

em injustiças bem claras. É evidente que, com a Grande Guerra e a quebra do paradigma de que as mulheres só serviam pra cuidar da casa, não fazia sentido continuar privando-as do acesso aos direitos civis da sociedade burguesa. O movimento começou antes da guerra, foi ela que acelerou todo o processo. Houve também o começo da filosofia feminista, que teve nas primeiras décadas uma enorme riqueza. Ver o mundo, a sociedade, a história, a cultura, sob o ponto de vista feminino era algo novo em si. Esse foi o feminismo histórico.

O movimento negro é originário dos EUA e eu de fato nunca conheci a fundo. Mas é também bastante claro que num país com toda a discriminação, inclusive oficial e legal, como os Estados Unidos, é de se louvar que surgisse uma resistência. Havia muito flerte com o movimento comunista (comunismo revolucionário, que sempre existiu nos EUA, embora não pareça), mas o que culminou com o fim das leis discricionárias nos anos 60 foi uma conquista de toda a humanidade.

Bom, agora vem o nó no pingo d'água. A partir da década de 60 e 70, a esquerda americana tomou o rumo da New Left. Ao invés de defender democracia, justiça social, enfim, serem sociais-democratas com alguma ênfase na luta contra a desigualdade e exploração, passaram a adotar discursos ideológicos de grupos excluídos, minorias, imigrantes, homossexuais, e é óbvio, negros e mulheres. Então desde lá é muito difícil separar o que ainda existe de orgânico e o que é puramente política ou luta político-ideológica sem nenhuma base na realidade.

Quando isso chegou no Brasil foi imitando exatamente essa versão nova. Esse ativismo doentio. Onde abundam os hipócritas, fracassados, aproveitadores, e não as pessoas sensíveis, altruístas, que odeiam a injustiça.

Respeito os movimentos históricos.

Desprezo os ativistas políticos.

É isso.