Penso que não há diferença se eu morrer em dois dias ou em vinte anos.
A partir do momento que eu deixar de existir, tudo aquilo que tiver alguma relação comigo necessariamente deixará de fazer sentido para mim, uma vez que não existirá mais minha consciência.
Nesse momento, a única coisa que ainda segura minha inclinação suicida é o certo sofrimento de minha mãe. A ideia de causar esse sofrimento a ela me atormenta, porém, até quando isso irá me segurar e me ser uma razão suficiente?
Há a possibilidade, uma vez que a vida é feita de infinitas delas, até mesmo das possibilidades de abreviá-la. Por conta disso, comecei há certo tempo mencionar de forma velada e sutil essa ideia para minha mãe, para ver como ela reage e para também aos poucos "prepará-la" para podermos ter alguma conversa racional e séria sobre isso.
Por certo, se minha mãe viesse a morrer amanhã, no dia seguinte a sua morte eu tiraria minha vida, pois que nada mais, em absoluto, me prenderia aqui.
A quem interessar uma bela leitura para acompanhar o café, há um poema do Pessoa que é pontual sobre o suicídio.