Invisibilidade e solidão da mulher negra heterossexual, afinal "o amor não vê cor"?

Alguns relatos:
"Tive namorado que disse que mulher preta e gorda ele não apresentava à mãe".

“Muitos podem dizer que é uma questão de gosto, mas nós somos socialmente moldados dessa forma, nosso gosto não é isento de manipulação ou imposição do que é belo, bom, seguro e desejável. Ora, se sofremos ainda hoje com a herança escravagista de que a negra é para cama e não para o casamento, como pensar que o homem negro também não reproduz esse tipo de pensamento sobre ela quando o que mais vemos são eles se casando com as brancas?”
(Socióloga Eliane Oliveira)

“A solidão da mulher negra não é sobre ser solteira…é sobre o que nos é duramente imposto: ser forte como única opção, criar filhos sozinha, ou não tê-los, não por escolha minha, mas por se mostrar a única opção”.

“Esse foi o primeiro sonho que o preconceito me roubou: o sonho de ter uma primeira vez com amor, carinho e respeito”.
"A temática da solidão da mulher negra vai além do homem negro que acha que é vítima e atacado por nós….da mulher branca casada com homem negro que se sente agredida por nós…não, definitivamente não é sobre vcs…é sobre nós, e nossos sonhos que vão ficado pelo caminho do preconceito racial, do preterimento, do celibato que nos é imposto" (Albertina Câmara)

"Se ser uma mulher livre, interessante, bem-sucedida e dona do próprio destino ainda é um tabu para a sociedade, para nós, pretas, isso recai sobre um não lugar."
anônima
anônima
anônimo
anônimo
01/07/2020 07h36

É exatamente como você muito bem representou através das falas. A socióloga Eliane Oliveira resume

bem como é imposto o padrão de beleza e os demais falam sobre as consequências.
Eu vi também nos comentários da resposta do @Trafic os dados a respeito dos casamentos intrarraciais e interraciais aqui no Brasil. Eu tinha ideia de como eram, mas não conhecia os números.

Aqui onde eu moro isso não é muito percebido, porque há um número muito baixo de negros. O meu estado recebeu cerca de cinco mil escravos africanos ao longo da história, um número ínfimo quando comparado com outros locais, como Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Não somos nem acostumados a ver pessoas negras, é mais gente branca e morena só.
Quando a gente aqui estuda história sobre a escravidão, muitas referências nos são perdidas. Eu só vi todo o horror da escravidão e o resultado de sua herança quando eu conheci Ouro Preto, em Minas Gerais. Há uma enorme memória de dor do povo negro ali, tão forte que incomoda o tempo todo.