Bom, eu mesma me oponho a algumas vertentes do feminismo, mas vou considerar que você

esteja se referindo, aqui, ao movimento como algo mais genérico. Como a luta por equidade e emancipação de gênero.

A Simone Beauvoir tem uma frase famosa: "o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos". Compreender isso significa compreender que o machismo é estrutural e estruturante, e as estruturas moldam a todos nós, homens e mulheres.
Portanto, é natural (e até esperado) que algumas mulheres não sejam feministas e que outras sejam, abertamente, antifeministas. Quando existe uma relação de poder, é natural que grupos oprimidos defendam e reproduzam os discursos e as ações de seus opressores. Funciona quase como um mecanismo de defesa. Como uma forma de se poupar. "A luta contra as estruturas é árdua demais, então, talvez eu deva me juntar aos opressores para que minha jornada fique mais leve. Enquanto eu fizer eco aos discursos deles, não sofrerei retaliações. Pelo contrário, serei aplaudida".
É claro que essas constatações não acontecem de maneira consciente. São sutis (e, por isso mesmo, perigosas). Essas mulheres nem se dão conta da gravidade do problema que estão ajudando a perpetuar quando se comportam assim, contrárias aos seus próprios interesses de gênero.

Felizmente, existe um outro grupo que está disposto a lutar por todas as mulheres: pelas feministas, pelas isentonas e pelas antifeministas também. E essas duas últimas nem precisam nos agradecer, viu? Fazemos isso porque entendemos que feminismo é luta - e não lacração na internet - e lutas só são válidas quando coletivas. Não existe emancipação individual.