Bem, eu não sou mão de vaca, quando precisa realmente gastar, eu gasto. Aqui em casa, eu ajudo bastante, deixo minha mãe usar livremente o meu dinheiro para ajudar com os custos relacionados à manutenção da família. O problema é que quando penso em gastar o dinheiro comigo mesmo, me dá um "peso" na consciência e não sei explicar por que. Eu não compro coisas fúteis, compro coisas que realmente vão ser úteis para mim, porém, fico com receio de gastar. Como posso desapegar disso??
Você precisa de algum dinheiro pra desapegar mais fácil dele. Senão ele deixa de ser
o que é e vira sinônimo de sobrevivência, e, por isso mesmo, obsessão. Essa é uma contradição engraçada da vida. Os gananciosos vão sempre ser gananciosos e sofrerem por ele, não importa o quanto possuam, assim como os perdulários irresponsáveis nunca vão sair da merda: não falo deles. Falo das pessoas normais.Já fui tão fudido a ponto de dever dezenas de milhares de reais pro banco, e não me importava, não olhava as taxas, só me importava com o mês que vem, vivia até o limite do cheque especial. E isso sem consumir nada muito pomposo, era pura e simples negação. Um dia consegui pagar tudo e começar a investir, sem me preocupar com renda, não tenho dinheiro o suficiente pra isso, só em termos de patrimônio mesmo.
Véio, virou a chave. Dinheiro parou de significar uma coisa diabólica ou mágica, e virou só dinheiro mesmo. Ou seja, um lixo temporário que serve de meio pra um fim. A única ingerência psicológica que tenho, e ela é bem forte, é a questão da velhice, porque eu adquiri consciência de que a aposentadoria não existirá mais e é apenas uma ilusão. Não passará de esmola. Isso ainda me leva a ter algum impulso de apego.
De resto, fera, se precisar gastar, gasto. Se precisar vender tudo numa emergência, vendo. Se tiver que comprar algo, compro. O essencial é ter algo que te permita não se sentir prisioneiro do emprego ou escravo de outras pessoas. Ao menos, se tudo desmoronar, por um tempo tu come.