Uma do Vicente de Carvalho, para o meu amor...
Belas, airosas, pálidas, altivas,
como tu mesma, outras mulheres vejo:
são rainhas, e segue-as num cortejo
extensa multidão de almas cativas.
Têm a alvura do mármore; lascivas
formas; os lábios feitos para o beijo;
e indiferente e desdenhoso as vejo.
Belas, airosas, pálidas, altivas...
Por quê? Porque lhes falta a todas elas,
mesmo às que são mais puras e mais belas,
um detalhe sutil, um quase nada:
falta-lhes a paixão que em mim te exalta,
e entre os encantos de que brilham, falta
o vago encanto da mulher amada.
Belas, airosas, pálidas, altivas,
como tu mesma, outras mulheres vejo:
são rainhas, e segue-as num cortejo
extensa multidão de almas cativas.
Têm a alvura do mármore; lascivas
formas; os lábios feitos para o beijo;
e indiferente e desdenhoso as vejo.
Belas, airosas, pálidas, altivas...
Por quê? Porque lhes falta a todas elas,
mesmo às que são mais puras e mais belas,
um detalhe sutil, um quase nada:
falta-lhes a paixão que em mim te exalta,
e entre os encantos de que brilham, falta
o vago encanto da mulher amada.
CHAPÉU VIOLETA
Aos 3 anos: Ela olha para si mesma e vê uma rainha.
Aos 8 anos:
Ela olha para si e vê Cinderela.Aos 15 anos: Ela olha para si mesma, vê uma bruxa e diz: "Mãe, eu não posso ir pra escola deste jeito!"
Aos 20 anos: Ela olha para si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair, mas vai sofrendo.
Aos 30 anos: Ela olha para si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo para consertar; então vai sair assim mesmo.
Aos 40 anos: Ela olha para si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa, e sai mesmo assim.
Aos 50 anos: Ela olha para si mesma e se vê como é. Sai e vai para onde ela bem entender.
Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.
Aos 70 anos: Ela olha para si mesma e vê sabedoria, risos, habilidades. Sai para o mundo e aproveita a vida.
Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar.
Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.
Talvez devessemos pôr aquele chapéu violeta mais cedo!