Eu acho uma ideia legal, mas aplicada de maneira pouco viável, deveria ter mais diplomacia na resolução dos conflitos

anônima
22/03/2021 12h32
São movimentos sérios. O MST luta, dentre outras coisas, por reforma agrária e o MTST
luta, dentre outras coisas, por reforma urbana. O que esses dois movimentos fazem é, basicamente, identificar propriedades que não estejam cumprindo a sua função social (conforme determina a Constituição) e ocupá-las. Ocupam propriedades em situação irregular (abandonadas há anos, com dívidas milionárias, propriedades que já deveriam ter sido desapropriadas e redistribuídas pelo Estado) e fazem cumprir a lei.Você disse que deveria haver mais diplomacia. Há muita diplomacia envolvida, sim. Muita negociação política nos bastidores. Não teríamos conquistado boa parte do que já conquistamos, se não houvesse.
Mas quando você fala em "diplomacia", imagino que esteja colocando este termo em oposição a "violência", certo? Você acredita que a resistência destes movimentos possa ser, por vezes, violenta e discorda disso. Acha que esses conflitos deveriam ser solucionados de maneira 100% pacífica.
Pois bem, vamos esclarecer uma coisa, então. Esses conflitos aos quais você se refere são, na verdade, conflitos de classe. A boa e velha luta de classes. E se a outra classe é violenta - é violenta quando grila terras, quando ordena o assassinato de povos indígenas e rouba seus territórios (não, não estou falando sobre 1500. Estou falando sobre 2021 mesmo), quando influencia a elaboração dos planos diretores das cidades em benefício próprio, quando aciona o aparato do Estado contra militantes, quando pratica especulação imobiliária - eu sou a favor da violência por parte da nossa classe também. Violência se responde com violência.
É muito fácil pedir diplomacia quando não se vive na pele a realidade das pessoas que se organizam na luta por terras e moradia. Quando não é o seu filho que chora na ocupação porque a polícia apareceu com uma ordem de despejo em meio a maior crise sanitária do século. Peça diplomacia aos latifundiários e aos especuladores, não aos movimentos sociais.