Algo pra se pensar...

E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? [Continua nos comentários]
anônima
anônima
15/04/2017 14h05

Muito justo o que Caio Fernando de Abreu escreve e descreve, por isso gosto muito

das crônicas dele, por retratar o ser humano como ele é.... carne, cheiro, gosto, pele, calor, frio. Sem a maculação da figura ou imagem inventada . Amor pra mim é isso mesmo, aceitar o outro por igual como a mim, uma pessoa que tem tudo isso, o cheiro, o sabor, a sensação ao tato, pq a perfeição não existe. Só amamos quando não temos o nojo ou a falsa aceitação. Só amamos quando o ruim é também bom, porque o bom é a vida e o dia a dia que o casal constrói juntos. São duas pessoas pessoas diferentes a começar pelo gênero, porém são duas pessoas iguais na mesma ânsia de querer os corpos juntos, nesse vínculo de desejo que os aproxima cada dia mais.