
anônima
Quando eu era moleque, uns 15, 16 anos tinha uma velha no meu bairro que
era muito racista e eu era amigo dos bisnetos dela que moravam com ela.Os bisnetos dela eram super gente boa e zuavam a própria bisavó quanto a isso. Meu amigo, bisneto dela, fala que eu era cunhado dele e que eu ia casar com a irmã dele. A velha pirava. Uma vez, a velha estava sentada na varanda da casa fumando cachimbo e eu estava com os dois bisnetos dela sentados na calçada do outro lado da rua enquanto ela olhava de cara feia lá do alto. Aí resolvemos brincar pra mais uma vez deixar a velha pilhada.
Meu amigo levantou e falou "vamos cunhado" num tom que ela pudesse ouvir. Eu ainda estava sentado do lado da irmã dele, levantei e a irmã dele levantou junto comigo e começamos a descer a rua de mãos dadas (tudo combinado).
A velha mudou de cor. Começou a gritar da varanda "Marilia passa pra dentro sua vagabunda. Sai de perto desse nojento."
Até então eu sabia do racismo dela, mas ela pouco me dirigia a palavra. Era mais as cara feia e mudança de atitude quando me via.
Pra ela parar de fazer escandalo, a Marilia subiu a escada de encontro a velha. A velha pegou ela pelo cabelo e deu dois tapas na cara dela que me deixaram e choque. Meu amigo subiu correndo e socorreu a irmã.
A Marilia ficou uns dias sem sair pra rua de vergonha pq algumas pessoas viram e nunca mais brincamos com a velha. A gente brincava com a inocente esperança de que a velha uma hora deixasse de ser racista, visse as coisas de outra forma. Chegamos a conclusão que ela era assim e nunca mudaria. A velha morreu mais racista do que nunca. Tem coisas que nunca mudam. Ainda sou amigo deles e ainda lembramos desse episódio quando surge o assunto racismo nas conversas.