06/07/2021 10h55

O movimento é muito heterogêneo, mas acho que de forma geral, a principal característica é

a ideia do identitarismo, e as teorias feministas mais práticas são principalmente jurídicas, o movimento feminista parte geralmente da premissa inicial de trazer justiça, formar um mundo mais justo, por isso, entra no balaio dos movimentos para justiça social. Mas o que é a justiça? Será o feminismo a forma mais eficiente de se chegar à sua premissa original, que é a justiça? Considero aqui estar usando toda a minha boa fé que eu possa ter para fazer isso.
A justiça envolve acordos entre as partes que conversam na esfera civil e na esfera penal, quando existe crime, a determinação clara de quem é o agressor e de quem é a vítima; por ser um movimento coletivista, o feminismo dificulta caracterizar bem as partes que fazem acordo, portanto, pessoas podem fazer acordos ou negar em seu lugar sem pedir seu consentimento, e nos crimes, a sociedade é geralmente a culpada e os verdadeiros criminosos ou outros agentes são descaracterizados. Após o feminismo ter se tornado mais mainstream, os crimes continuam aumentando, o que em geral mudou foi o aumento no complexo de culpa das pessoas e o engessamento naquilo que as pessoas falam. Muitas coisas que ocorreram após a revolução industrial foram apropriadas pelo feminismo, como o mercado de trabalho originalmente ocupado quase exclusivamente por servos e escravos, mas que foi descontextualizado como um privilégio masculino, o direito ao voto, que se tornou universal, pois antes era ligado à obrigação de ir para a guerra (tanto que muitas mulheres se opunham ao voto universal com receio dessa obrigação, como diria Leolinda Figueiredo Daltro e Pankhurst), e ainda assim quase todos os homens não votavam mesmo indo para a guerra, entre outras coisas.
Acho que a armadilha de Kafka é uma boa analogia para explicar essas teorias jurídicas e como acabam desviando desse foco.