Foi a primeira amizade que fiz aqui, não lembro se foi no primeiro ou segundo

dia de site. Não importava o assunto ele sempre tinha um bom ponto e se virara bem em quase toda conversa, fosse futebol, política, história, pornochanchada dos bons tempos de TV aberta. Ele passeava tranquilamente entre a alta cultura e a baboseira blockbuster. Lembro de uma pergunta “indique um filme e uma música” e ele respondeu “Duro de Matar e El silencio de Beethoven“. Isso resume bem o Gaucho.

Sempre complementava minhas respostas ou tinha algo a acrescentar, nem que fosse pra me zoar. Era o único que pegava as referências e paráfrases obscuras que eu fazia.

Ele era como eu, tinha um faro pra detectar baboseira e coisas sérias, e sabia apreciar ambas. Frequentemente havia uma mensagem dele ali nas notificações “Quer rir? Leia isso aqui!”

Muitas vezes alguém que eu não conhecia me pedia um conselho, por indicação dele. Um homem verdadeiramente sábio sempre cogita estar errado. E Ele era assim, adorava ter uma segunda opinião para testar e lapidar seus pensamentos, ou abandonar uma opinião antiga caso encontrasse uma nova melhor. “Bah, não tinha pensado por esse lado, valeu”.

Ele dizia que queria ser pai um dia. Talvez por isso ele tivesse essa fome de sabedoria, de melhorar para passar o bastão da vida adiante.

Algo que admirava muito nele era a franqueza e a habilidade de elogiar. É realmente difícil fazer um elogio sincero a alguém, sem ser em data comemorativa ou sem interesses. E isso ele fazia com maestria.

Então para não me alongar muito e sabendo que ele odiaria esse melodrama, termino dizendo apenas: Já vai tarde, seu imprestável, espero que sofra no Inferno!