
anônima
17/06/2022 11h14
[Eu adoraria que meu pai não tivesse participado da minha vida. As vezes a presença
de um pai é mais maléfica que benéfica.]Mas respondendo sua pergunta, e falo como uma leiga que só observa o que há ao redor (portanto, minha opinião é bem parcial), acredito que uma ausência paterna faz a criança querer se espelhar na imagem da primeira figura masculina que encontra, ou, ao menos, na figura masculina que mais está presente na vida dela, que pode ser um irmão, um tio, um avô, um professor, um personagem fictício de uma novela/filme/série, uma figura pública. Ou ela pode idealizar essa figura paterna na imaginação.
Essa ausência pode representar uma lacuna na formação de caráter da pessoa, deixando a criança mais carente, posteriormente se submetendo à relações e situações pouco saudáveis, como co-dependência emocional em relação à alguém ou de algum outro subterfúgio (drogas, sexo, compulsões - a série "Euphoria" ilustra isso muito bem), ou com a ideia de que não precisa de homem nenhum pra fazer nada, pessoas que acham que podem levar o mundo nas costas. Tudo por conta do trauma. Mas claro que depende também do quanto a mãe e o restante da família conseguem suprir ou atenuar esses danos, a questão do apoio. Existem famílias que pioram ou melhoram o ambiente e podem deixar a criança mais ou menos acolhida, por isso pode ser uma questão bem relativa. Mas é claro que uma ausência sempre será sentida. Imagina a criança no dia dos pais e todas as outras perguntando: "cadê seu pai?", "ah, meu pai é a melhor pessoa do mundo", "o seu trabalha com o quê?". Esse tipo de situação pode ser bem marcante na infância.