
anônimo
07/12/2017 05h35
Quando a pílula surgiu, nos anos 60, as feministas celebraram o fato de que agora
as mulheres poderiam desfrutar do sexo como os homens sempre fizeram, sem compromisso. A igreja e os conservadores alertaram que isso transformaria as mulheres em objetos de consumo masculino. Foram taxados de reacionários, mas hoje a meninada ouve obras de arte como "Agora virei puta", "Hoje eu não vou dar, eu vou distribuir" e "Mulher marmita", e acham que isso é empoderamento e emancipação.Quando o divórcio foi oficializado no Brasil, ninguém em sã consciência diria que se tratava de um retrocesso (a separação, ou "desquite", já era permitida no Brasil em diversas formas desde 1890, mas sem por fim ao casamento). Mais uma vez a igreja e os conservadores alertaram que atacar a indissolubilidade do casamento acabaria com a própria instituição da família, que por sua vez era o "cimento" social. Mais uma vez foram rotulados de retrógrados, mas hoje as mulheres cuidam sozinhas da família em 40% dos lares.
A união estável entre homem e mulher, no Brasil, foi oficialmente reconhecida como entidade familiar por uma lei de 1996. Claro que a igreja e os conservadores foram contra, alegando que as pessoas não deveriam poder trocar de família como quem troca a roupa de baixo. Foram chamados de atrasados, mas hoje 17% das mulheres são abandonadas por seus parceiros ainda na gestação, e um estudo de 2009 apontou que 21% das mulheres com câncer são abandonadas pelos parceiros durante o tratamento. Esqueçam o "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença".
Minha geração é filha da primeira geração que praticou o divórcio em larga escala, e é uma geração que cada vez menos se dispõe a constituir família.
Todos nós aqui sabemos dizer de cor o que "ganhamos" nas últimas décadas em termos de liberdade e autodeterminação.
Mas será que fazemos ideia do que largamos pelo caminho?