Já, na segunda metade dos anos 80 e começo dos 90 estávamos todos em pânico

com a AIDS, todos diziam uma causa diferente. Tinha gente que defendia que só acontecia entre pessoas do mesmo sexo(peste gay), que era transmitida por saliva, por suor, por espirro, por mãos dadas, teve até pesquisa afirmando que era transmitida por mosquito(essa saiu até no Jornal Nacional). Quem era soro positivo geralmente ouvia que tinha 5 meses de vida. Uma vizinha do prédio onde eu morava na época se jogou do terraço. Era quase como viver em guerra, não tínhamos tempo para luto, sempre havia outro conhecido morrendo.

A comunidade médica estava completamente de mãos atadas. Eu fazia residência em um hospital no auge da epidemia, a médica-chefe me mostrou que em um mês perdia cerca de 10 pacientes. Até alguns médicos morriam de medo de entrar em contato com doentes. Não havia tratamento, quem tinha mais grana ia tomar soro nos EUA.

Muita gente, como eu, trocou os esquemas por relacionamento com alguém saudável, mais por medo que por vontade. E mesmo com os exames, a gente tinha medo, vai que ela me trai e pegou o vírus?

Lá pelo meio dos 90 as coisas foram se acalmando e voltamos aos velhos hábitos.

E respondendo a pergunta: boquete com camisinha é chato pra caralho.