Pode acontecer, mas é mais fácil acontecer se estudar a história. A Bíblia é o

livro sagrado da fé dentro da qual você foi criado (provavelmente, presumindo que você seja brasileiro ou português). Ao lê-la você pode perceber algumas coisas.
A primeira é que ele é uma representação histórica da época, com falhas neste aspecto, devido à perda informacional que houve durante 2000 anos, algo que os historiadores tentam recuperar.
A segunda é que ela é escrita sob o viés de uma população específica, que preencheu este livro com sua cultura particular, junto aos seus dogmas e sua mitologia, criando inúmeras idiossincrasias cujo teor não se traduz literalmente e que muitas vezes nem se aplicam à sociedade moderna, que contempla inúmeras tecnologias antes pertencentes ao divino, sendo a principal o controle de natalidade, já que a responsabilidade familiar é uma das pautas mais importantes da Bíblia (algo maravilhoso e importante até hoje, diga-se de passagem).
Finalmente, há passagens que são verdadeiramente assustadoras. Eu me lembro de me revoltar contra a Bíblia depois de ler a história de Moisés, que conduziu o povo dele pelo deserto por 40 anos e, por ter duvidado uma vez, não recebeu acesso ao Paraíso. Aquele Deus foi absurdamente cruel e aquilo me chocou muito, pois Moisés não recebeu nenhuma piedade. Ele não poderia sequer duvidar sem receber a pena máxima? Mais uma vez, quando li a história de Jó, maltratado gratuitamente arrancando-lhe os filhos sem razão nenhuma além de testá-lo, eu me senti enojado com aquele Deus. Eu estava lendo contos de terror, que eu imagino hoje - muitos anos depois da primeira vez que li - serem alegorias usadas como prevenção, para que as crianças aprendessem a temer e a serem muito cautelosas. Certamente os hebreus não iriam querer que seus filhos voltassem ao Egito, então escreveram a narrativa daquela forma aterrorizante.