Quando se empresta a namorada(o), amigos(as), familiares, nunca se deve esperar receber de volta.

Uma vez

encontrei uma namorada minha chorando compulsivamente, quando eu havia combinado de encontrá-la na saída do metrô. Ela estava chorando muito mesmo. Ela tinha uma vida modesta com a família. Perguntei a ela, sério, austero:
- O que foi que aconteceu?
Após relutar um pouco em contar, ela me disse que a mãe dela, que era viciada em Bingo, ligou para ela chorando, dizendo que, após pegar o dinheiro do aluguel da casa deles com o marido - e pai dela - no trabalho dele, havia gastado todo o dinheiro no Bingo, naquelas máquinas caça-níqueis. Era na época uns 900 reais. E a mãe dela pediu-lhe que lhe ajudasse com dinheiro e que não contasse ao seu pai.
Eu perguntei:
- Quanto você tem?
- Só tenho trezentos e poucos na conta. Não dá para pagar.
- Quanto falta?
- Eu não sei...
- Quanto falta!!??
- Acho que uns seiscentos e tantos.
Eu disse:
- Tudo bem. Vamos comigo agora que eu vou sacar este dinheiro, e vamos até a imobiliária pagar este aluguel. Você não precisa ficar triste. Tudo se resolve. Não conte ao seu pai que eu lhe dei o dinheiro, conte apenas à sua mãe, e tente conversar com ela para que ela não faça mais isso, quando vocês duas estiverem à sós.

Eu nunca cobrei esse dinheiro. Também nunca recebi de volta. Mesmo depois de estarmos separados.

E para mim pouco importa. O que me importa é que eu acho que fiz o certo na hora certa. E eu deixei a minha namorada mais segura e menos infeliz.