anônimo
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08/04/2023 08h41

Eu já fui atrás.
Minha tataravó se chamava Joana e era uma mulher corajosa de cabelos

muito longos, tanto que poderia penteá-los colocados na mesa da casa. Ela não sofria de enjoo em barcos, uma qualidade rara na época, então era altamente cotada para trabalhar em embarcações como várias coisas que eram associadas à mulher. Estava previsto que ela atravessaria o Atlântico para casar com um português, mas, na despedida da família, ela conheceu um tio e resolveu casar com ele. Infelizmente ela faleceu de febre. Estava tão fraca no seu último dia que virou para os filhos e disse "Vou viajar", colocou suas coisas em uma mala, e morreu jovem.
Meu tataravô se chamava João e tinha um moinho. Ele vivia da produção e venda de farinha. Ele criou a minha bisavó desde então.
Minha bisavó amava muito a mãe, mas não se dava bem com o pai, porque ele não a permitia estudar, enquanto os irmãos homens dela estudavam. Ela aprendeu a ler e escrever fazendo os deveres de casa dos irmãos, e conseguiu estudar, tornando-se professora, a profissão mais respeitada da mulher tinha na época. Ela se tornou uma referência na pequena cidade.
Mas mesmo assim se casou mal, e decidiu abandonar o marido, mudando-se para a capital com os três filhos, onde continuou vivendo como professora. Meu avô e as outras duas crianças eram os filhos da professora da cidade, então tinham mais instrução que a média, e conseguiram passar nas melhores escolas públicas da época.
Não sei como meu avô conheceu minha avó.
Minha avó é filha de Sebastião e Celina. Meus bisavós passavam fome no interior e se mudaram para Natal em busca de uma vida melhor. Ele conseguiu de alguma forma se tornar policial. Mais tarde, quando o presidente veio a Natal durante a guerra, ele audaciosamente fez um pedido pessoal para ser convertido a militar, e colocou no bolso do presidente um papel com o seu nome anotado. Meses depois chegou uma carta presidencial comandando isso. Minha avó era a caçula então já cresceu na Vila Militar aqui.