24/04/2023 13h05

Racismo e mercado. Europeus associavam maconha a negros, índios, mexicanos, rituais (para o Rastafári, por

exemplo, é uma planta sagrada que ajuda a mente) e vagabundagem. Isso ao mesmo tempo valorizava o álcool e o tabaco e mantinha a maconha longe dessa fatia do mercado.

Fumar cachimbo era coisa de homem de respeito, fumar maconha era coisa de senzala. Não à toa os portugueses chamavam maconha de "fumo de Angola". Aí mistura com uma tonelada de artigos pseudocientíficos associando maconha a loucura e crime, já viu, maconheiro: não é um civil de respeito.

Temos que ter em mente que tudo que negro fazia quando não era criminalizado, era no mínimo mal visto. Assim como capoeira, candomblé e até roda de samba já foram criminalizados. Vamos sempre lembrar que um dos pais do samba, João da Baiana, foi preso e teve seu pandeiro apreendido por simplesmente andar com ele na rua. Não foi coincidência que apenas 2 anos após a Lei Áurea foi instituído o famigerado "crime de vadiagem", basicamente uma desculpa pra sentar porrada em preto.

Mas o tempo e o dinheiro mudam tudo. Tá aí maconha sendo legalizada no Canadá, em debate em vários Estados nos EUA. É questão de tempo pro mesmo rolar por aqui. Quer dizer, ser legalizada na teoria porque na prática só não fuma quem não quer.