Estava na segunda série, tinha por volta dos 7 anos de idade. Fizeram uma lista
e passaram mesa por mesa para escolher aquele mais feio da turma. A ansiedade crescia na medida que a guria com o papel na mão se aproximava da última pessoa. No fundo, o resultado já era óbvio até para os professores. Quando o anúncio foi feito, todas as risadas foram direcionadas... eu era o escolhido. Não satisfeitos com tamanha humilhação gratuita, tratam não só de escrever meu nome, mas na frente um adjetivo: Julinho Cabeção. Naquele dia, algo aqui dentro morreu. O amor, a compaixão que tinha pelos outros foi tomado por apatia e ira. Gradualmente o prazer em brincar com os amiguinhos foi tomado pelo prazer que cada vez desejava doses mais altas -- o de fazer o mal.