Os seres humanos precisam de ambos prazer e dever. Prazer é prazer mesmo. Dever é

a percepção de que sua existência é útil e contributiva, que outras pessoas estariam piores sem você. Prazer não substitui dever, mas muita gente acha que sim, e passa seus dias procurando prazer, mas se sentindo vazias. Quando criamos um filho, o senso de dever é plenamente preenchido, o vazio se torna cheio. Só o filho já dá sentido a todos os atos da vida.

Hoje há três tipos de pessoas que têm filhos. Os inconsequentes não estão nem aí para a qualidade de vida da criança. Muitos nem planejaram a gravidez e não se importam nem com as próprias quiçá de outros. Eles não têm esperança ou vivem ilusões infantis. Alguns se arrependerão de ter o filho, pois a ilusão se desfaz quando confrontada com a realidade, e verão a criança como fardo, para a vida toda ou até a abandonar.

Aqueles que esperaram a estabilidade antes de ter filhos estão em condições muito melhores, e poderão dar aos filhos uma vida digna.

Contudo a maioria esmagadora da população nunca terá a sonhada estabilidade financeira e mesmo assim não quer deixar de viver a plenitude do dever. As pessoas instintivamente sabem disso, e por isso o terceiro grupo tem filhos mesmo sem estabilidade e ciente de tudo isso que eu disse aqui. Assumem o risco de tudo dar errado para poder vivenciar a vida. As mulheres não podem se dar ao luxo de esperar, e eu já vi inúmeras que deixaram para terem filhos aos 35... e não tiveram, porque 35 pode parecer pouco para uma artista da mídia que faz fertilização por 25 mil, mas para quem não recorre à doação de óvulos é muita idade sim: a fertilidade é pouca e não garantida a prole.