Na juventude, desejos incessantes buscam alegria; na velhice, um temor pesaroso prevalece, pois percebe-se que
a felicidade é mero sonho, apenas o sofrimento é real. Sábios almejam menos prazeres, mais ausência de desgostos, uma invulnerabilidade certa. — Em meus tempos moços, uma batida na porta trazia alegria, pensava: "Ah! Algo aconteceu." Com a vida, o som despertava temor; eu murmurava: "O que será?" Na velhice, paixões desvanecem; sensibilidade e imaginação enfraquecem, imagens desvanecem, impressões não aderem, passam sem vestígios. Os dias correm, eventos perdem importância, tudo desvanece. Homem encurvado pela idade, sombra de si mesmo. E eis que a morte chega, o que resta para destruir? Na juventude, somos posicionados diante do destino que se desdobrará, como crianças diante do pano de um teatro, ansiando pelas alegres e impacientes revelações que aguardam em cena. É uma ventura não anteciparmos coisa alguma. Aos olhos daquele que vislumbra o desenrolar futuro, as crianças são como inocentes réprobos, sentenciados não à morte, mas à vida, cujo veredito ainda desconhecem. Mesmo assim, não há quem não nutra o anseio de alcançar a maturidade, como que a almejar um estado que se expressaria desta maneira: "Hoje é desfavorável, e a cada dia torna-se mais adverso — até que chegue o auge da adversidade.