anônima
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07/01/2019 17h52
LEMBRANDO QUE É UMA INTERVENÇÃO LITERÁRIA E NÃO É DE MINHA AUTORIA... E TAMBÉM É UMA PEÇA DE TEATRO DA QUAL A VEJO TÃO SIMBOLICAMENTE COMO UM POEMA OU POESIA)
-Na verdade és bela. Que idade tens?Vinte anos. Mas meu peito tem batido nesses vinte anos tantas vezes como o de uma outra mulher em quarenta.
-E amaste muito?
-Sim e não. Sempre e nunca.
-Fala claro.
-Mais claro que o dia. Se chamas o amor a troca de duas temperaturas, o aperto de dois sexos, a convulsão de dois peitos que arquejam, o beijo de duas bocas que tremem, de duas vidas que se fundem tenho amado muito e sempre! Se chamas o amor o sentimento casto e puro que faz cismar a pensativa, que faz chorar amante na relva onde passou a beleza, que adivinha o perfume dele na brisa, que pergunta às aves, à manhã, à noite, às harmonias da música, que melodia é mais doce que sua voz, e ao seu coração, que formosura há mais divina que a dele -eu nunca amei. Ainda não achei um homem assim. Entre um sorriso e uma chávena de café lembro-me às vezes de alguma forma divina, moreno, branco, loiro, de cabelos castanhos ou escuros. Tenho-os visto que fazem empalidecer - e meu peito parece sufocar meus lábios se gelam, minha mão se esfria..Parece-me então que se aquele homem que me faz estremecer assim soltasse sua roupa e me deixasse por os lábios sobre seu peito eu morreria num desmaio de prazer! Mas depois deste vem outro - mais outro- e o amor se desfaz numa saudade que se desfaz no esquecimento. Como eu te disse, nunca amei.