Claro que sim. Seja cega, surda-muda, cadeirante, sem um braço, o que for. Se eu me apaixonasse, namoraria sem problemas como namoraria qualquer outra mulher. Mulher é mulher, qualquer que seja a sua deficiência física ela continua sendo uma mulher.
Tenho um tia-avó paraguaia que é paralítica desde pequena, das duas pernas. Anda de cadeira de rodas desde a infância (na época era carrinho-de-mão, aqueles de pedreiro mesmo, pois as cadeiras de rodas que haviam na época eram muitos caras). Alguém sempre tinha de carregá-la para algum lugar. Ela passou toda a adolescência em cima de um carrinho de mão. Suas pernas sempre foram muito finas, mas seus braços eram extremamente fortes. Ela está viva ainda, com 80 e poucos anos. É irmã da minha avó, também paraguaia, já falecida. Ela tem um olhar penetrante, seus olhos são profundamente azuis. Só a conheci com os cabelos brancos, mas ela tem jeito de que era uma mulher muito bonita. Ela casou-se jovem e pariu três filhos. Cuidou deles e do marido até que este falecesse.
Quando eu ainda era jovem adolescente, uma vez fiquei escutando escondido, em cima da escada que dava para os quartos, as minhas tias, minha mãe e minha tia-avó conversando na sala de visitas. Só mulheres na sala. Elas estavam gargalhando muito. Uma delas comentou, rindo, que essa minha tia-avó sempre gostava de trepar bastante com o marido, e que uma noite quase matou o marido de tanto trepar. Depois só escutei as risadas escandalosas da minha tia-avó.