Sou a favor, mas como disse o Olavo, o modo em que foi colocado e o nome dado foi como dar munição à esquerdalha. De fato, o escola sem partido tem uma intenção nobre de levantar vários debates sem que o professor imponha o seu pensamento sobre os alunos. Porém, a forma em que está sendo colocada pela direita brasileira, dá a entender aos mais leigos, que a intenção da lei é oprimir o livre pensamento do professor, mas não é essa a intenção do Escola Sem Partido. O nome deveria ser "Escola Sem Censura".
Nenhuma pedagoga que eu conheça dispõe de tempo para pregar o marxismo ou a ideologia de gênero nas aulas. Estamos ocupadas demais tentando garantir que as crianças tenham o básico. Por exemplo, as minhas férias terminam na segunda-feira, e, hoje, eu já fui comprar (com o meu dinheiro) materiais para decorar a nova classe. Um ambiente lúdico facilita a aprendizagem, mas nem sempre a escola fornece o que é necessário para tanto. Ano passado, eu comprei brinquedos para alunos que eu percebia que nunca levavam nada no Dia do Brinquedo (toda sexta). Já fui obrigada a me envolver em questões familiares, porque estas começaram, claramente, a interferir no desempenho de um aluno meu. Tudo isso em um curto período de tempo (de 2017 para cá). E olha que a escola municipal em que eu trabalho, se comparada às estaduais, é o paraíso na Terra.
Portanto, o que eu tenho a dizer aos defensores do Escola Sem Partido é o seguinte: fiquem tranquilos, não sobra tempo para doutrinação de esquerda nas aulas. Em vez de continuar lutando contra essas ameaças imaginárias, vocês deveriam tentar conhecer um pouco melhor a realidade da escola pública no Brasil.