Não é uma pergunta pra ser respondida. O livro é total e integramente narrado por Bentinho, o que significa que tudo o que ele escreve como verdade (como o fato de ele achar o filho parecido com o falecido amigo) pode ser nada a mais nada a menos que fruto de sua imaginação. É evidente também que, por mais "bonzinho" que ele tente se fazer parecer ao leitor, a personalidade dele está longe de ser perfeita, o que pode ser bem visível na parte que, quando o suposto filho morre, ele vê a morte desse ser humano (independente de ser seu herdeiro ou não) apenas como o fim do último resquício de suas angústias, e diz claramente que não se abalou, mas "jantou como nos demais dias". Acho que essa é a genialidade do livro, o jeito que o personagem, também narrador, deturpa as coisas à seu favor, não propositalmente, mas por ser da natureza humana não se achar nada além de um poço de boas intenções e sofrimento, cabendo ao leitor tentar enxergar por além disso, o que é impossível, por não se saber o que foi rebuscado por Bentinho.
Foi mal o textão, é que eu me empolgo com literatura.