Passo meus dias contemplando o cadáver do eu que não fui, os sonhos que não realizei e, principalmente, a garota que não conquistei. Chamá-la-emos de Clarice. Conheci Clarice no pulsar da minha juventude; garota alta de traços delicados e cabelos ruivos. Com certeza foi a coisa mais linda que meus olhos tiveram o prazer de enxergar. No correr dos meses do abençoado ano de 2015, nos conhecemos, conversamos e nos beijamos. Devido ao meu espírito inseguro, fraco e repugnante -- a mim e somente a mim -- a coisa toda não foi para frente. Em suma, fui frouxo e não tomei uma atitude. Ela tomou, começou a namorar, terminou e começou a namorar outro sujeito uns meses atrás. Conheci o rapaz em uma festa quando ele ainda era solteiro, muito gente boa, bem apessoado, inteligente e cativante, tenho que admitir que, por mais que eu queira, não consigo odiá-lo, mas apenas admirá-lo. Pelas minhas palavras, queridos leitores, já devem ter percebido que sou um homem doente. Sinto todos os dias a angustia do primeiro amor que não desabrochou... Minha doença tem piorado, pelas redes sociais acompanho diariamente o drama da felicidade de Clarice, felicidade esta que eu não tenho participação. Invejo seu namorado do fundo da minha alma ao mesmo tempo em que o admiro. Sabem o que mais? Até agora ainda não me decidi se amo Clarice ou a sua imagem idealizada que tenho fincada na minha mente. De qualquer modo, quero esquecê-la, quero me libertar, quero parar de sonhar com ela, quero que o meu cotidiano seja um pouco menos desgraçado pela lembrança diária da vida que não vivi! Humildemente peço á todas as almas, atormentadas ou não, respostas sinceras para o meu questionamento. Agradeço desde já.