Um barzinho é muito massa! Falamos de mulher, mas também tem jogo de futebol, música ao vivo, resenha com os amigos e o principal: as bebidas todas.
Há aqueles que se sentem independentes da convivência humana. Gente que não precisa de ninguém, que pode fazer qualquer coisa sozinho, que é completo. Já eu prefiro estar numa mesa apertada, com cotovelos se empurrando, dividindo a metade da última garrafa de whisky, do que sentar no sofá e beber o que for, sem ninguém. O mal do homem é beber sozinho.
Na eterna ânsia de multiplicar, eu prefiro dividir. E na nossa mesa dividimos a bebida, a comida e a conta. No dia seguinte, a ressaca é em grupo, vendo TV e comparando os atributos das conquistas da noite anterior. E essa é uma das partes boas, quando não conseguimos lembrar tudo que aconteceu e acabamos por incrementar a narração, por mentir, sem maldade, para que nossos amigos estejam sempre entretidos. Por mais que todos saibamos que é bem provável que o que o Leo falou sobre as gêmeas no banheiro seja mentira, rimos e ficamos espantados, duvidamos, mas só um pouco. E chega a nossa vez de contar a nossa história. Um detalhe a mais não faz mal a ninguém. Isso é beber junto.
E não somente beber, mas viver. Se fôssemos sozinhos, quem faria coro nas arquibancadas? Pra quem contaríamos nossas mentirinhas? Quem sacanearíamos a cada atualização de status? Um homem de verdade entende que não é só. Sabe que um dia pode precisar de qualquer um. Até de um botafoguense.
E o homem que bebe só, independente e supremo, está sentado, folgado e confortável. Sem ter quem sacanear pelas derrotas do Flamengo, sem ter quem humilhar pela filhote de cruz-credo que pegou na balada. O homem que bebe só não conta histórias nem comenta nada. Não por não ter o que falar, mas por não ter quem ouvir. E a ressaca chega, e o que ele fez na noite anterior não interessa a ninguém. Quase tão solitário quanto um torcedor do Fluminense.
Por isso prefiro beber junto. Tomando cuidado pra um cotovelo não derrubar meu copo – Deus me livre que isso aconteça – rindo e atento. Bolando coisas pra contar e fazendo vaquinha pra pagar a conta.