Tem que entender tão pouco de Schopen quanto de Feminismo para perguntar isso, né?
O sistema dele é fortemente influenciado e parte do sistema kantiano, deriva e contra-
diz o hegeliano, influenciou imensamente Freud, trouxe à filosofia alemã aspectos da filosofia
oriental e, ainda sob a égide de originalidade metafísica e ethos pessimista, pela primeira vez
colocou a música como a primeira dentre as artes.
Sim, Schopen era misógino, era filho de seu tempo e preso à sua filosofia ascética, que via a von-
tade como uma pulsão tão dominante quanto a de morte, a vontade do amor, da reprodução, um
hiato enganoso na planície duradoura de dor, esta sim, a definição de nossas vidas. O homem, o in-
telectual e o ser de ação, ideia pertinente e incontornável no período, era distraído de seus afazeres
nessa busca. A culpa era do amor, a culpa era da mulher, ser de "vontade única de amor."
Portanto, feministas leem Schopenhauer porque ele é filósofo interessantíssimo e seu sistema impor-
tante para o conjunto de compreensão de Kant, Hegel, Nietzsche, Freud, Fichte, Goethe, Schelling, Feuerbach, Kiergaard, Comte, Marx, Engels, Benjamin, Badiou, Foucault, etc.
O polêmico e mal visto até entre os contemporâneos ensaio de Schopen que abrangia as mulheres, tem uma espécie de ironia ao fim de sua vida, quando estava sendo pintado seu retrato e disse:
"Eu ainda não fiz meu último pronunciamento sobre as mulheres. Eu acredito que, se uma mulher obtiver êxito em se retirar da coletividade, ou preferir se desenvolver além dela, não deixará de progredir até mais do que um homem."
Mas, ainda que alguma feminista resolva fazer o que não deveria e evitar ler o sistema que tanto influenciou e referenciou a filosofia ocidental, que trouxe a ela a incrível filosofia oriental, terá que
lê-lo obrigada na faculdade ou para concursos, terá que lê-lo como influência ou como embrião nos
filósofos que o antecederam ou sucederam.
E argumentar com propriedade exige dominar o que se contradirá.