Vamos deixar algumas coisas claras aqui. Para fazer a histerectomia, há algumas indicações, que são as seguintes:
1 - Menorragias severas: a histerectomia é realizada quando todos os tratamentos menos invasivos falham (embolização de artéria uterina, por exemplo), e quando o quadro das menstruações pesadas levam à anemia importante.
2 - Fibróides (miomas): miomas grandes que pressionam a bexiga, por exemplo, ou muito numerosos e com lesões neoplásicas (câncer) podem ter indicação de histerectomia. Miomectomias complicadas também pode ser convertidas em histerectomias.
3 - Prolapso de órgãos pélvicos (vagina/útero): falha do tratamento conservador, que inclui exercícios dos músculos pélvicos, os Kegels, pessários cervicais. Há um tratamento cirúrgico (a colpocleise) sem a retirada do útero, mas que tem risco grande recidiva, entre 30% e 50% de chance de novos prolapsos.
4 - Anormalidades cervicais: lesões pré-neoplásicas (pré-câncer) raramente têm indicação de histerectomia, a não ser que não se resolvam com outros procedimentos (conização do útero)
5 - Câncer: autoexplicativo
6 - Hemorragia pós-parto que não se resolve com manobra bimanual, uterotônicos, embolização, etc.
7 - Dor pélvica crônica: endometriose não responsiva a medicamentos
Como cirurgião, nunca faria uma histerectomia eletiva, nem mesmo se eu fosse obstetra. Só em caso de urgência ou emergência.
Por quê? GO é a classe médica que mais sofre processo no Brasil. Histerectomias figuram entre boa parte dos processos, especialmente se foram feitas de forma eletiva (procedimentos que não são de urgência ou emergência). Ou seja, tem muita gente arrependida por aí de ter tirado o útero.
Ah, e é bom lembrar que como procedimento cirúrgico, sempre há possibilidade de complicações. Menos um motivo para fazer uma cirurgia do tipo. Há outros tratamentos menos invasivos, menos arriscados e com resultados finais satisfatórios para o paciente em relação a uma histerectomia.