Entre certezas dogmáticas e as chamadas verdades absolutas há espaços vazios. Quando olhamos para esses espaços nos sentimos ameaçados. Eles são profundos, misteriosos, impossíveis de explorar na totalidade. Nos vazios argumentos são insuficientes, não há controle ou nenhuma legitimação do que até então nos parecia indiscutível. Lógicas são relativizadas, certezas contraditas, explicações insuficientes, não há estabilidade.
São buracos negros que dissolvem códigos, podem gerar contradições extremamente incômodas, mas com incrível potencial de provocar intensas revoluções.
O chão das certezas e verdades absolutas parece sólido e estável. Será assim enquanto não nos movimentarmos. É preciso assumir um tipo de fixidez parecido com estátuas de gesso, caso contrário, diante do mínimo movimento, o risco é que o próximo passo seja no vazio e na sequência a queda.
Caímos quando perdemos referências, quando não temos onde segurar, caímos e não sabemos se há chão. Caímos.