CONFUSÃO
Um rapaz resolveu fugir de casa. Deixou um bilhete à sua família,
explicando o seu gesto: "olá pessoal, fugi de casa por vários motivos,
que passo a explicar melhor. Meu pai era viúvo e enamorou-se de uma
menina de 20 anos. Casou-se e teve um filho. Eu, frequentando sua casa,
conheci a mãe de minha madrasta e casei-me com ela. Também tivemos um
filho. Na hora da averiguação de parentesco, deu o seguinte rolo:
Papai ficou sendo sogro de seu filho, sogro de sua sogra e genro de
seu filho.
O senhor há de convir que era demais. Depois, quando fui examinar
melhor a questão, fiquei sabendo que minha madrasta era sogra de sua
mãe, irmã de seu genro, irmã do seu neto e sobrinha do meu irmão.
Doutor, minha cuca começou a fundir. Pensei como ficaria sendo o
parentesco de minha mulher, mãe de minha madrasta e sogra do meu pai.
Deu que ela passou a ser nora de sua filha, cunhada de seu filho, irmã
de seu neto e madrasta de seu genro. A confusão já estava se tornando
insuportável. Pensei, então , na minha situação e verifiquei que eu era
genro de minha madrasta, irmão de seu neto, padrasto de sua mãe, e
sogro do meu pai.
O pior, doutor, foi quando comecei a pensar nas crianças. Um era
meu irmão e tio da minha mulher, que por sua vez era avó dele. Ele era
irmão de seu avô, tio de seu primo e irmão da sua avó. Minha cuca já
fervia, nestas alturas. Fiquei completamente baratinado e parti para a
ignorância, não sem antes pensar no meu filho, nascido do meu casamento
com a mãe de minha madrasta. Ele era irmão de sua avó, cunhado de seu
avô, tio de seu primo e ia acabar sendo meu irmão.
Sabe, doutor, ante à possibilidade de nascer mais alguém e eu
acabar sendo avô de mim mesmo, preferi acabar logo com a minha vida, já
tão confusa. Tão confusa quanto o senhor deve estar neste momento, para
passar o laudo cadavérico, dizendo que eu sou irmão de meu pai, tio de
minha madrasta, irmão de minha mulher e genro do meu pai. Boa sorte,
doutor, felicidades. Ass.: O Fugitivo."