Até tô inspirado essa noite, vou responder sério.
Somos animais dotados de um poder de consciência e criatividade que nos separa de todos os outros seres vivos. Nosso instinto primata é vivermos em grupos, onde há hierarquia social pra organizar a proteção, o trabalho, o sexo, e etc. Pois bem. Até quantos humanos podem viver juntos a ponto de que todos lembrem de todos e saibam em quem podem confiar ou não, com quem simpatizam ou não, quem valorizam ou não? Não passa de uns 200. Esse é o número máximo de um grupo humano pré-histórico. Qualquer encontro com um humano ou hominídeo estranho, a postura era de defesa e desconfiança ou mesmo agressão direta.
Bom, então como se explica a civilização? O que permitiu que humanos encontrassem estranhos e não reagissem como qualquer animal diante de uma invasão de território, aceitando sem conhecê-lo que podia confiar que não haveria uma agressão imediata? Aí entra aquela fantástica transformação de seres humanos caçadores-coletores em sedentários praticantes de agricultura. A resposta é: a religião. A religião tem o aspecto esotérico (interno) e exotérico (para fora). No interno, ela identifica todos os seres humanos com as mesmas angústias mentais derivadas da consciência de si e da consciência da ameaça e principalmente da morte. No externo, ela fornece símbolos, ritos, valores morais, códigos comportamentais. Estou simplificando pra caramba, mas ok.
Vejamos isso há, digamos, 15 mil anos atrás, pois antes da última Era Glacial. Ao encontrar um outro hominídeo com os mesmo símbolos, pinturas, tatuagens, corte de cabelo, enfeites ou o que quer que seja, o indivíduo podia, mesmo sem conhecê-lo, partir do pressuposto de que o estranho, ao adorar as mesmas divindades, seguia as mesmas tradições, valores e etc. Ou seja, era confiável. A história da Civilização começa na Cidade Antiga, e tudo na Cidade Antiga era sobre tradição religiosa. A Religião é o que nos permitiu existir como seres (semi) civilizados