anônimo
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06/03/2021 20h06
As pessoas primitivas viviam em bandos, sem distinção de homens e mulheres. Da mesma forma que nem os gatos nem as gatas sabem que os filhotes são derivados do sexo feito muito tempo antes, nem os homens nem as mulheres sabiam que os bebês que uma mulher tinha eram associados a um homem.
Então alguém notou que, se a mulher não transasse, não engravidaria. Além disso, se ela só transasse com um homem, as chances eram de que o bebê parecesse fisicamente com aquele homem. Logo, os bebês carregavam um elo com os homens, carregavam seu sangue, tanto quanto o sangue da mulher. Os homens concluíram, então, que aqueles bebês eram o seu legado no mundo.
Não existia o conceito de LEGADO antes disso, mas esta criação mudou a história humana, pois ela firmou o mais antigo pacto social da humanidade: o casamento. O pacto era o seguinte: o homem daria proteção e sustento à mulher que, em troca, prometeria se deitar só com ele, de modo a ter apenas filhos dele, aumentando seu legado.
As pessoas começaram a formar comunidades estruturadas a partir daí, e notaram um problema: se o homem tiver filhos com suas próprias filhas ou se seus filhos tiverem filhos entre si, eles muitas vezes ficam doentes. O legado foi comprometido ao descobrir que consanguinidade era um problema. Este problema foi resolvido pela troca de mulheres entre diferentes patriarcas.
Mas isso criou não apenas o patriarcado, mas a noção de que a mulher é um bem, a ser negociado para vários fins: agradar um possível inimigo, firmar alianças, expandir negócios. A mulher era uma bem precioso, pois gerava legado, mas continuava sendo um bem, a ser protegido de ser tomado por outros homens.
Isso só mudou com a Revolução Industrial. Os empregadores não precisavam mais da mão-de-obra masculina forte ou qualificada (mulheres não tinham acesso à educação). Até crianças serviam. A mulher passou a poder sustentar a casa pela primeira vez nessa época, há só duzentos anos. Foi há pouco tempo que elas conquistaram direitos.