Cara, acho que minha experiência pode te ajudar:
Eu cresci numa casa superprotetiva, e paradoxalmente tirânica e afetivamente distanciada. Isso me levou a adotar uma visão de submissão sobre a vida, como que tudo que fosse externo me afetasse muito mais do que deveria. Onde não se tem palavra, onde a voz é compulsoriamente calada, agir diante das mágoas é um pecado. E assim a pessoa se prostra para tudo que vem lhe assolar, e reconhecer que tem algum poder é uma violação imperdoável.
Quando se trata de gente que se autoidentifica incel, é bem comum prevalecer uma irracionalidade e um conjunto de crenças que limitam a própria pessoa. O condicionamento é exatamente esse: você cresce tendo que se comportar de forma perfeita, e toda reprimenda é sempre severa e desmedida. Você bota na cabeça que tem de ser bonzinho, e que vai ficar em paz e ser bem recompensado se assim for. O problema é que essa diretriz não é funcional na vida. A gente se ferra, a gente tropeça no meio do caminho, levanta a voz, falha por opção. O incel vê que sua afetação de bondoso não tem retorno, e que o mundo sempre vai ser cruel independente de como se porte. Não é bondade que vai lhe arranjar uma parceira, não é bondade que vai trazer a aceitação das outras pessoas. Ele continua agindo da mesma forma, e toda essa gentileza simulada não é o suficiente. Ele não foi suficiente. E aí que entra a crença de que ele não tem domínio sobre as coisas e não pode mudar, que o mundo tem todo o poder sobre ele. Nada que ele supostamente possa fazer vai arranjar-lhe uma parceira. É nesse casamento de derrotismo e vulnerabilidade que o incel acaba querendo racionalizar seu fracasso a partir de crenças neuróticas, que o mundo é ruim e que não adianta jogar seu jogo.
Depois de toda essa palavra, meu conselho: Investigue os porões da sua alma e reconheça em si toda sua frustração, e questione a realidade que você imagina. A evidência prova que as coisas não são completamente ruins